Professor Tiago Lyra:
Licenciado em Português/Inglês pela Universidade Metropolitana de Santos/SP, professor há mais de 8 anos em cursos presenciais para concursos no Estado do Rio de Janeiro, Ex. AL Oficial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente é servidor Público do RIOPREVIDÊNCIA (Fundo Único de Previdência Social do estado do Rio de Janeiro).
Conhecido pelos seus alunos em todo o Brasil por meio do BIZU DO LYRA que indica sempre uma dica importante para as provas de Língua Portuguesa das principais Bancas do país.Bacharelando em Direito na UCAM


CONCURSO NÃO SE FAZ PARA PASSAR, MAS ATÉ PASSAR!!

domingo, 30 de setembro de 2012

HISTÓRIA DO RJ, PARA VC QUE VAI FAZER PM-RJ

Batismo. A enseada de Botafogo no século XVI: nome herdado do apelido de artilheiro português
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RIO - Mem de Sá e Estácio de Sá, Salvador Corrêa. Botafogo, Flamengo, Catete e Copacabana. Nomes familiares aos cariocas, mas de motivações ou origem conhecidas por poucos habitantes da cidade. Desde sua fundação, o Rio de Janeiro se reinventa e se renova. No processo, no entanto, apagou as marcas do passado e esqueceu sua história. A saga do Rio é o tema do livro “1565 — Enquanto o Brasil nascia” (Ed. Nova Fronteira). Escrito por Pedro Doria, editor-executivo de O GLOBO, não é um livro de História convencional, com análises acadêmicas ou documentos inéditos. Com olhar jornalístico, explora fatos, personagens, razões e ações, nobres ou não, que ajudaram a erguer, no então selvagem Sudeste do Brasil dos séculos XVI e XVII, a futura capital do Império e da República.
— Não tenho coisa nova para contar, nada do que está no livro não foi publicado em algum outro lugar antes — diz Doria. — Historiadores costumam buscar a compreensão de grandes fenômenos. Já nós, jornalistas, nos dedicamos a contar bem histórias através de seus personagens. Não que o livro ignore os grandes momentos, mas o que ouvimos nele são as vozes de pessoas que nos falam através dos séculos. Espero ter escrito um livro que seja divertido de ler, que revele para os leitores quem foram essas pessoas e o que as movia, mesmo as que permanecem anônimas. São causos e histórias que de certa forma dão uma noção de como eram o cotidiano e as lutas da época. De repente, você vai vendo esta cidade toda sendo construída e ela começa a fazer sentido. Podemos entender por que as coisas são assim.
O artilheiro Botafogo
Entre os casos está o do português João Pereira de Sousa. Fugindo de dívidas na sua terra natal na Europa, ele foi parar em Santos, onde acabou recrutado por Estácio de Sá para participar da expedição que em 1565 culminou na fundação do Rio de Janeiro. Artilheiro, seu posto era o canhão, o que lhe valeu o apelido de “Botafogo”, herdado por bairro e clube. Ou então a história de um anônimo “peruleiro”, alcunha dada aos comerciantes que faziam a lucrativa rota entre as minas de ouro e prata do Peru e o Rio, escala e entreposto comercial para os traficantes de escravos de Angola que trabalhavam no garimpo da América espanhola nos tempos da União Ibérica (1580 a 1640, quando Portugal e Espanha tiveram o mesmo rei). Um dia, um deles bateu à porta da Santa Casa, instalada aos pés do Morro do Castelo, pedindo morada para uma imagem de Nossa Senhora adornada em ouro com o menino Jesus no colo — réplica do original, que ficava em uma pequena igreja às margens do Lago Titicaca, onde, não muito tempo antes, os incas adoravam o Sol. Recebida de bom grado, mais de um século depois a imagem de Nossa Senhora de Copa-caquana (que significa “lugar luminoso”) foi adornar o altar de uma outra pequena e nova igreja à beira de uma praia, com a corruptela de seu nome batizando a mundialmente famosa “princesinha do mar”.
História se confunde com a saga da família Sá
Mas os fios condutores do livro de Doria, como não poderiam deixar de ser, são os integrantes da família Sá, que por quase um século construíram, governaram e moldaram o Rio de Janeiro. Uma saga que começa com Mem de Sá. Filho de um padre e integrante da pequena nobreza, ele viu no Brasil a chance de uma ascensão hierárquica na corte portuguesa que de outra forma lhe seria muito difícil, para tanto aceitando ser o terceiro governador-geral da recém-descoberta colônia (1558-1572). Junto com ele, trouxe “sobrinhos” (grau de parentesco que na época era usado para designar desde sobrinhos de fato a jovens primos distantes), entre eles Estácio de Sá, que viria a ser o fundador oficial da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Foi Mem de Sá quem liderou em 1560 a expulsão dos franceses de Nicolas Durand de Villegagnon da então colônia da França Antártica, estabelecida em 1555 às margens da Baía de Guanabara. A vitória, no entanto, não foi seguida pela ocupação da região, o que lhe valeu uma reprimenda de dona Catarina da Áustria, viúva de Dom João III e rainha regente de Portugal. Assim, foi só em 1565 que Estácio de Sá recebeu do tio a incumbência de “reconquistar” a área, missão na qual já tinha falhado um ano antes. Desta vez, no entanto, os inimigos não eram invasores europeus, mas os chamados tamoios, uma incomum confederação de tribos tupinambás que tinham se aliado aos franceses e que mantinham sob pressão de constantes ataques os colonos de São Paulo, mais ao Sul.
A influência de São Paulo
Os tamoios impediam que os portugueses se aventurassem pelo interior do Brasil em busca do tão cobiçado ouro, já encontrado em abundância na América espanhola, mas ainda não descoberto na parcela portuguesa do território, dividido pelo Tratado de Tordesilhas. Desta forma, o exército de Estácio de Sá era formado principalmente por índios tupiniquins, aliados dos portugueses, e por paulistas arregimentados pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Estes eram homens de saúde frágil porém tão dedicados que em 1554 ajudaram a estabelecer a primeira ocupação portuguesa fora do litoral brasileiro. Controlados os tamoios, a vila de São Paulo de Piratininga pôde finalmente servir de trampolim para as chamadas “bandeiras” que descobriram o ouro de Minas.
— O Rio nasceu pelas mãos de paulistas para que São Paulo sobrevivesse — comenta Doria. — Rio e São Paulo têm uma história paralela e a formação da personalidade das duas cidades também se deu pela via paralela. Enquanto a malemolência e a ginga cariocas podem ser vistas como um reflexo da habilidade dos Sá de transitarem entre a erudição da corte portuguesa e as vicissitudes da vida na colônia, a ousadia e determinação dos paulistas seriam fruto do caráter desbravador de seus fundadores. Neste começo da História, o Brasil de verdade era de Porto Seguro para cima. Aqui era o resto, um eixo que só mudou com a descoberta do ouro em Minas Gerais. É um acidente Rio e São Paulo terem assumido a posição hegemônica que têm hoje no Brasil moderno? Creio que não. São as duas cidades que o padre Manuel da Nóbrega, que sabia tudo de política, escolheu fundar. No Brasil que ele imaginou, elas já tinham papel fundamental.


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